O processo de Iniciação ou Diksha dentro do Kriya Yoga de Babaji
- Nagalakshmi Devi
- há 2 dias
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O início da jornada espiritual em nossa escola acontece através de uma iniciação ou diksha nas técnicas de Kriya Yoga. A iniciação é o elemento decisivo da eficácia de uma prática diária a partir dela.
Técnicas como asanas, pranayama dhyanas e mantras, num total de 144, foram passadas de Babaji para Yogi Ramaiah, deste para M.Govindan Satchidananda e deste último para a rede de Acharyas da qual sou parte integrante. Estas técnicas são transmitidas através de um processo progressivo, em seminários ou em retiros especialmente elaborados para a iniciação de qualquer pessoa que aspire despertar seu potencial divino inerente.
O Kriya Yoga de Babaji é uma escola de origem tântrica no sentido genuíno da palavra. Tantra hoje em dia é tratado superficialmente como algum tipo de disciplina sexual, isso acontece tanto que Georg Feuerstein, um dos maiores estudiosos do Yoga no Ocidente, chamou esta visão de Neo Tantra ou Tantra da California. Poucos são aqueles que realmente sabem que o Tantra é uma tradição esotérica incrivelmente complexa, ideal para este período de Kali Yuga. Contribui com uma visão não excludente na relação do ser e de Deus e do campo onde se dá esta relação entre os dois. Resumindo, tudo é Deus, não existe lugar onde Deus não esteja, não seja. Podemos usar alguns significados do termo tantra, tais como cordão, fio condutor, teia, rede ou expansão. O que expressa sua abordagem inclusiva e abrangente. Como este tema é muito complexo e não vai caber aqui neste pequeno texto até bem superficial, por isso vou me deter apenas nos principais elementos que constituem a maneira pela qual o conhecimento, cultura e riqueza desta grande tradição têm sido preservados em suas escolas e linhagens. Estas linhagens ou parampara contêm 3 elementos, a saber, Guru ou mestre, shishya discípulo ou aspirante e deeksha ou iniciação ou transmissão.
O primeiro elemento é o Guru tattva, ou princípio do Guru, é um dos princípios da natureza que alcançamos pela graça divina quando aspiramos muito por uma transformação e quando sinceramente buscamos conhecer nosso verdadeiro Eu. A palavra guru tem vários significados e um simples e esclarecedor é aquele do princípio da “Luz que Corta a Escuridão” ou seja aquela força que segura nossa mão durante todas as experiências necessárias para sairmos da ignorância em relação a quem realmente somos. Ele pode agir através de vários acontecimentos sincrônicos na nossa vida como aspirante, de encontros importantes e determinantes em nossa vida que causam grandes mudanças ou inspirações ou ele pode agir consistentemente através de uma pessoa em especial à qual atribuímos a qualidade ou nome de Guru.
O segundo elemento é o discípulo, Shishya. Este é aquele que, cansado do sofrimento resultante de sua ignorância da Realidade, de sua ilusão de separação, abre um espaço interno e invoca o Infinito, clama pelo Invisível que ele não conhece, mas já intui por ressonância interna. Ele busca respostas para as perguntas sobre o significado de sua existência, sobre a razão das circunstâncias em que vive, ou os motivos do sofrimento pelo qual passa. O momento no qual o ser ignorante se torna um buscador é quando ele reconhece a existência de uma força maior por trás dos acontecimentos de sua vida e ele relaciona suas escolhas às inúmeras consequências infelizes. E faz, então, uma mudança na perspectiva. Não querendo mais ser prisioneiro dos desejos, preferências ou aversões, ele prefere buscar uma outra lógica. A lógica do esforço disciplinado que leva à sabedoria. Ele está pronto.
E por fim, o terceiro elemento é a iniciação ou diksha é a transmissão de um conhecimento-chave que se aplicado é capaz de conduzir o aspirante a uma transformação profunda e radical e ao florescimento de várias qualidades latentes nele. As escolas tântricas são essencialmente iniciatórias, ou seja o conhecimento é passado de mestre para discípulo por uma transmissão oral. E este conhecimento transmitido não tem apenas uma dimensão intelectual que precisa ser compreendida, mas o conhecimento vem carregado de vibrações, energia sutil ou shakti da Fonte, pois é a transmissão da semente de consciência e energia. Utilizando as palavras (sons) como veículos desta consciência e energia. Esta energia é o que vai facilitar e integrar a disciplina quando as técnicas forem colocadas em prática. A atitude do buscador ou aspirante é de abertura, de manter a mente passiva para poder receber a semente que vai trabalhar internamente. É a própria Shakti viva magnetizando as palavras, sons para inspirar às mentes, fortalecer a Vontade interna, e mudar as ações.
Obviamente, a garantia da auto transformação e da realização máxima vem com a prática do que é transmitido, da sadhana ou disciplina. Não existe mágica neste sentido. Mas a iniciação tem uma importância em si, ou seja, o próprio processo de iniciação cria um vínculo do aspirante com seu guru, vínculo que pode ser desfrutado por toda a vida e em próximas. A iniciação planta a semente, que por ser cheia de vida e consciência, tem uma força por si só, mas limitada sem a entrega do discípulo ao processo, limpando suas resistências através da sadhana.
Babaji nos diz que se dermos um passo em sua direção (diksha) ele dá dez na nossa, o que significa que o menor esforço já traz grandes resultados. Diz ainda que mesmo que não pratiquemos seu Kriya Yoga nesta vida de maneira perfeita, num próximo nascimento ele vai nos procurar onde estivermos, vai nos encontrar, nos trazer de volta pela mão e continuar a nos guiar do ponto onde tínhamos parado. É muita compaixão e muito amor!
Om Tat Sat
Jai Guru. Jai Babaji


Gratidão!!!